segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Relato sobre encontro SABSul, em Jaguarão

Nos dias 27 a 30 de setembro, o curso de História da Universidade Feevale esteve representado no VII Encontro Regional de Arqueologia da SABSul, ocorrido na cidade gaúcha de Jaguarão, pela profª Inês Caroline Reichert e pela acadêmica Iloir Escoval.
Sobre as discussões realizadas, a professora Inês fez o seguinte relato:
"As últimas duas décadas foram marcadas por mudanças importantes na formação e na atuação profissional dos arqueólogos brasileiros, com a ampliação dos espaços de formação, do mercado de trabalho e de uma maior visibilidade da Arqueologia, o que contribuiu para sua afirmação como área de conhecimento autônoma e como segmento científico que possui uma grande importância para a sociedade contemporânea. Contudo, há que se considerar também os problemas advindos de um crescimento acelerado da arqueologia. Nesse sentido, o Encontro teve como objetivo principal discutir e aprofundar temas diversos, como:
-o destino dos acervos gerados nos registros escavados nos últimos anos, que têm aumentado significativamente em função da Arqueologia de Contrato;
- as relações entre arqueólogos e poderes públicos no que diz respeito à regulação da atuação profissional e a preservação do patrimônio;
- aos endossos institucionais concedidos para os trabalhos de contrato;
- às distintas formações que são oferecidas aos aspirantes à arqueólogos, através de cursos de graduação e pós-graduação em centros de ensino e pesquisas, como Universidades e grandes Museus, além de espaços privados como empresas de arquelogia;
- questões ligadas à ética profissional.
Um dos Seminários temáticos mais impactantes do Encontro foi o que discutiu, justamente, a questão dos endossos e acervos. O diagnóstico apresentado pelos painelistas apresentou uma situação nacional para a questão, no mínimo, difícil. Segundo Diego Ribeiro, professor do curso de Museologia da UFPEL, as reservas técnicas da maior parte dos Museus e Instituições de pesquisa estão saturadas e há poucos trabalhos desenvolvidos a partir delas. Num quadro já difícil, a situação do aumento crescente do patrimônio arqueológico brasileiro, através da Arqueologia de Contrato, é preocupante, pois não há como se abrigar devidamente esse patrimônio, e licenciamentos sem condições estão sendo feitos. Nesse sentido, cabe as questões feitas por Berta Ribeiro: qual o futuro dessas reservas, pouco ou quase nada estudadas? Se entendermos que as peças coletadas assim o foram porque se compreendeu que tinham relevância social, como fica essa relevância se permanecem mudas? Em tempos onde a diversidade cultural vem sendo amplamente discutida como componente da construção das diversas identidades contemporâneas, o tema torna-se ainda mais importante: não seria essas práticas uma forma de “silenciamento” desse patrimônio?
A apresentação da situação calamitosa do acervo do Museu Arqueológico do Rio Grande do Sul, um acervo de importância ímpar para a Arqueologia Brasileira, foi o maior exemplo das dificuldades enfrentadas quanto à gestão desse patrimônio. Qual o futuro do nosso passado?
Para quem se interessou pelo tema, informações mais aprofundadas podem ser obtidas junto à Rede de Museus de Arqueologia e Etnologia, REMMAE, recentemente criada, e que postou interessante documento resumindo as dramáticas condições dos acervos da área.

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